Seu Convênio Médico Cancelou o Plano? Saiba Como se Defender Contra Cancelamentos Unilaterais

Introdução
Os planos de saúde desempenham um papel fundamental para milhões de brasileiros que dependem de assistência médica contínua. Ter um plano de saúde, mais do que uma opção, deveria ser uma tranquilidade em momentos de busca por tratamentos de saúde. Contudo, nos últimos meses, tem se tornado mais comum o cancelamento unilateral de contratos pelas operadoras, o que gera grandes problemas para pacientes e suas famílias. Esse tipo de cancelamento é especialmente grave para pessoas que precisam de tratamento constante, como aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), condições de saúde crônicas e outras deficiências, pois dependem de cuidados especializados e contínuos. Para pacientes que dependem de assistência contínua, o cancelamento do plano de saúde significa muito mais do que um contratempo financeiro — é uma interrupção no cuidado e uma ameaça à saúde e bem-estar de quem mais precisa.

Este artigo aborda os direitos do consumidor em casos de cancelamento unilateral de planos de saúde e oferece orientações sobre o que fazer para garantir a continuidade do atendimento, com um foco especial em pessoas com deficiência e necessidades de saúde específicas.

O Que é o Cancelamento Unilateral e Quando Ele é Permitido?

O cancelamento unilateral ocorre quando o plano de saúde decide encerrar o contrato por decisão própria, sem solicitação do beneficiário. Embora a legislação brasileira permita que as operadoras cancelem planos individuais e familiares em alguns casos específicos, existem regras rígidas que visam proteger o consumidor contra cancelamentos abusivos.

De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regulamenta as atividades dos planos de saúde, o cancelamento unilateral só é permitido se houver:

  • Inadimplência: Quando o beneficiário deixa de pagar as mensalidades por um período contínuo de 60 dias ou mais dentro de um ano.
  • Aviso prévio: A operadora deve notificar o consumidor com antecedência mínima de 10 dias antes de cancelar o plano, permitindo que ele regularize a situação se estiver em atraso.

FORA DESSAS CONDIÇÕES, O CANCELAMENTO UNILATERAL PODE SER CONSIDERADO ABUSIVO E ILEGAL, especialmente se for realizado contra pacientes em tratamento contínuo e pessoas com deficiência, que dependem de cuidados médicos frequentes.

Cancelamento de Planos de Saúde para Autistas e Pessoas com Deficiência

Para autistas e pessoas com deficiência, o cancelamento do plano de saúde pode representar uma violação direta de direitos, considerando a dependência de muitos desses pacientes em terapias e tratamentos especializados, como ABA, fonoaudiologia e terapia ocupacional, entre outros. O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) assegura o direito dessas pessoas à saúde e à inclusão social, o que torna o cancelamento unilateral uma situação ainda mais complexa.

As operadoras devem garantir o acesso contínuo ao tratamento necessário para essas pessoas, e, em caso de cancelamento abusivo, o consumidor tem o direito de buscar proteção legal para garantir que o contrato seja mantido e o atendimento assegurado.

Como Agir em Caso de Cancelamento Abusivo do Plano de Saúde?

Se você ou seu familiar teve o plano de saúde cancelado de forma unilateral e acredita que o cancelamento foi abusivo, seguem algumas medidas que podem ajudar a reverter a situação e garantir a continuidade do atendimento:

  1. Documentação Completa do Tratamento
    Reúna todos os documentos relacionados ao tratamento em andamento, incluindo laudos médicos, prescrições e comprovantes de consultas ou terapias recentes. Isso é especialmente importante para pacientes com autismo e outras deficiências que necessitam de atendimento contínuo.
  2. Comprovantes de Pagamento
    Certifique-se de ter guardado os comprovantes de pagamento das mensalidades para contestar qualquer alegação de inadimplência, caso o cancelamento seja justificado com base em atraso no pagamento.
  3. Notificação de Cancelamento e Comunicação com a Operadora
    Verifique se você recebeu a notificação prévia de cancelamento e se houve um prazo adequado para regularizar eventuais pendências. Olhe, inclusive, na caixa de spans do seu e-mail. Caso não tenha recebido, isso já é um indício de que o cancelamento pode ser abusivo. Entre em contato com a operadora para tentar resolver a situação diretamente. Cite as leis mencionadas acima e demonstre que seu direito está garantido. Em caso de dúvidas, esta etapa administrativa pode ser feita com o auxílio de um advogado especializado.
  4. Reclamação na ANS
    A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é a agência reguladora responsável por fiscalizar as operadoras de saúde no Brasil e assegurar que os direitos dos consumidores sejam respeitados. A ANS pode intervir em casos de cancelamento abusivo. Registre uma reclamação formal na ANS, anexando a documentação e os comprovantes de pagamento. A ANS possui canais específicos para analisar e resolver disputas entre consumidores e operadoras de saúde. Normalmente eles exigem um protocolo ou comprovação de comunicação com o plano. Esta reclamação também pode ser feita por um advogado especializado, que saberá redigir de forma assertiva, demonstrando a ilegalidade.
  5. Apoio Jurídico Especializado para Procedimentos Administrativos e Judiciais
    Contar com o apoio de um advogado especializado em direito da saúde pode fazer a diferença desde o início de todo este procedimento. O advogado pode atuar em sua defesa, formalizando pedidos e negociando administrativamente com a operadora para tentar reativar o plano sem a necessidade de medidas judiciais. E se administrativamente não for solucionado, ele terá condições de agir rápido, pois estará ciente do caso e de posse de toda a documentação, para pedir na justiça o seu direito. Isso garante que o cliente tenha um apoio especializado para uma solução mais rápida e eficaz, podendo significar a não interrupção do tratamento ou, se interrompido, um reestabelecimento mais rápido.

Por que um Advogado Especializado em Direito da Saúde Pode Fazer a Diferença?

Para pacientes com TEA, outras deficiências ou condições crônicas, o cancelamento do plano de saúde pode significar uma interrupção em tratamentos vitais. Um advogado especializado em direito da saúde conhece as legislações de proteção ao consumidor e as normativas da ANS, o que é crucial para garantir que o contrato seja restabelecido e o tratamento não seja prejudicado.

No Marcelo Moura Advocacia, temos experiência em defender os direitos dos pacientes e assegurar que operadoras de saúde respeitem suas obrigações. Se você está enfrentando dificuldades com o cancelamento do plano de saúde, nossa equipe está pronta para orientar e lutar pelos seus direitos.

Conclusão

O cancelamento unilateral de planos de saúde pode ter impactos devastadores na vida de pessoas com necessidades de tratamentos contínuos e condições de saúde crônicas. Garantir que as operadoras cumpram suas obrigações e que os pacientes tenham acesso contínuo ao tratamento é um direito de todos os consumidores. Caso você ou sua família enfrente o cancelamento de um plano de saúde, busque orientação especializada para proteger seus direitos e assegurar o cuidado necessário.

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